quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Pinóquio do Asfalto na Bahia

Dois atores talentosos com seus exemplares de Pinóquio do Asfalto: Ridson Reis e Renan Motta. Ontem, em Salvador, no Teatro Vila Velha, assisti com Ridson o espetáculo Sortilégio, de Abdias do Nascimento, direção do extraordinário Ângelo Flávio e coreografia do fantástico Zebrinha, com Renan Motta dando um show em um dos papéis de Emanuel. Parabéns, meninos de ouro, sou fã de vocês!

Egidio e Ridson Reis (ator)
 
Renan Motta (ator) e Egidio

2 comentários:

  1. Eu tivi a oportunidade de le uma parte do livro Pinoquio do asfalto nesses utimo dias, vim na internet pesquisa sobre o livro e você. Meu nome é Simone, moro em uma comunidade mas trabalho em casa de familha. Eu pedi pra escreve pra você porque eu queria conta minha vida pra você, mais eu não sou boa em escreve, to aprendendo ainda.
    Eu acho que já naci na rua, não sei, minha mãe morreu quando eu tinha oito ano e ela não me conto. Quando eu tinha doze ano fiquei gravida e tivi meu primero filho com treze ano, eu não sei quem é o pai dele. No otro ano tivi uma menina, mais ela morreu. quando eu tava com catorse ano, fiquei embuxada denovo, tivi otro menino, mais um dia o que eu tivi primero morreu porque eu tava dando o peito pro pequeno e não vi como o caminhão pego ele. Eu fui tendo filho todo ano, eu to com vinte ano agora e to cum cinco filho pra cria, teve mais que morreu de lesera.
    Na rua eu tambem fumei craque, xerei cola e tranzei com mais homem que muita mulhé da vida. Arrumei um homem que me feis para com as droga e me indireito um poco. Ele trabaia na fera e mi levo mais meus filhos pra mora com ele. O nome dele é Fernando.
    Agora eu arumei um emprego e fui mora na comunidade, Ana cuida dos meus filho pra eu trabalha na casa da dona Ineis.
    Eu to estudando e eu li um pedaço do teu livro que me deu votade de conversa com você. Espero que deus te ajude porque você se preocupo em mostra que agente da rua é pobre, fais bestera, mas tudo porque nóis nao que sofre mais.
    Obrigado
    Simone Santos

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  2. Sou o Leo, tenho 21 anos. Eu não lembro da minha mãe que sumiu depois que meu pai brigou com ela porque ela era bebada, mas lembro quando meu pai foi morto pela polícia por causa de uma briga com um cara que não gostava que a gente dormíamos do lado da casa dele, debaixo da laje da loja que ficava encostada no muro da casa dele. O homem dizia que a gente mijava no muro, mas não era a gente, a gente dormia ali. Eu me lembro que num dia muito frio de manhã o homem jogou água gelada na gente, eu tinha seis anos, minha irmã sete e o meu irmão oito. O homem falou que a gente fedia porque a gente é preto e que preto prestava pra ficava mijando no muro da casa dele. Meu pai começou a brigar com o homem que chamou a polícia, meu pai estava nervoso, minha irmã estava doente e a água gelada ia fazer mal pra gente. Aquilo foi assustando a gente e o meu irmão me puxou eu e a minha irmã pra trais, um dos policia arrancou a arma e bateu na cabeça do meu pai, mas não pegou direito e meu pai ficou bravo, foi pra cima do policia que na hora atirou nele. Acho que o pai morreu, tinha um buraco na cabeça e sangue espalhado. O homem da casa conversou com o policia que atirou no meu pai e apontou pra gente. Os policias colocou a gente na viatura e levou pra bem longe e mandou a gente descer num lugar cheio mato perto dum morro, só dava pra ver a cidade de longe. A gente ficou ali chorando, com frio por que nossa ropa tava molhada, meu irmão pego na nossa mão e andamos na direção da cidade, a gente queria ver se o pai tava vivo. Depois minha irmã começo a ficar com febre ela estava mais doente, quando a gente chegamos na cidade meu irmão pediu ajuda, uma mulher velha deu comida pra gente e um remédio pra minha irmã e falou pra gente ir num posto de saúde por que ela tava com peleumonia, mas ninguém quis atender minha irmã porque a gente não tava com o nosso pai, nem a nossa mãe, nem a carterinha. A gente ficou andando uns dias pedindo comida e procurando o pai. A gente era criança, num dia mais frio ainda minha irmãzinha começo a tossi sangue e não conseguiu aguenta a noite e morreu, ela pioro bastante depois que o homem jogou água gelada na gente. A gente pediu ajuda na banca de jornal, quando a gente viu que o homem da banca chamou um policia, eu e meu irmão saímos correndo, não sei o que fizeram com a minha irmã. A gente tava com medo. Eu e o meu irmão ficamos sozinhos pra procura meu pai, depois de um tempo, a gente não começamos a andar com uns muleques, a chera cola, a rouba nas fera, nos mercado e onde dava. Tinha um moço que trabalhava numa padaria que dava pão doce e coisas gostosas da padaria quando ia embora, ele era bonzinho, mas o português vivia dando chute, era só entrar lá que ele dava bica.
    Depois meu irmão arrumou um serviço numa obra pra levar tijolo, aí ele foi ficando, depois ele conversou com o homem que tomava conta da obra e ele deixou a gente ficar lá, ajudando a gente que era de menor, ele dizia que a gente não pudia trabalhar, mas ele deixou porque a gente precisava e sempre pagava a gente. Sempre que ele pegava serviço ele ajudava a gente, ele levou a gente pra escola e ninguém quiz aceita a gente porque a gente não tinha documento. Foi uns pião que acabo ensinando a gente a escreve. No ano passado meu irmão foi morar com a filha do pedreiro. O seu Souza trabalhava com a gente e ele me levou pra morar com eles. Eles mora no fundo da casa do pedreiro. A mulher do meu irmão trabalha num supermercado, ela ensina a gente a escrever melhor e a usar o computador. Eu sei que não sei escrever direito, nem falar bonito, mas a mulher do meu irmão comprou o seu livro outro dia e ela está me ajudando a ler, ela também mostrou como achar as pessoas no computador e a gente achou você. Ela mostrou que tem bastante gente contando suas história e eu também quis mostra a minha. Eu acho que a gente também somos um Pinóquio do asfalto, mas seu Souza vai ajuda a gente a tira os documentos pra que agente possa ser homens de verdade.

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