Prezado Egidio,
Ganhei o livro Pinóquio do Asfalto, no sábado passado, como presente de Natal da minha madrinha, que teria de viajar. Fiquei tomada de uma emoção que nunca senti antes. Eu realmente via as crianças de rua como um problema social, algo que tínhamos que “se livrar” para que a sociedade fosse melhor. Mas eu me vi perguntado: melhor pra quem? Pensamos com egoísmo, no que é mais conveniente para a gente. Isso é horrível! Na véspera de Natal estava uma muvuca em São Paulo, tinha gente pra todo lado. Eu chamei meu namorado e fui com ele para o centro da cidade. Estava muito complicado, gente pra todos os lados e muitas crianças e adultos de mãos estendidas. Fui com o meu namorado até um mercadinho e compramos um monte de coisas, mesmo tendo pouco dinheiro, gastei mais de R$ 150,00 comprando comida para poder desejar um feliz natal, depois saímos distribuindo. Cada um que ganhava agradecia, vimos muitos olhos mostrarem gratidão. Eu e meu namorado sentimos uma satisfação tão grande por ter deixado algumas pessoas que na hora da ceia, nós falamos para a família sobre nossa ação e minha avó sugeriu que fizéssemos o mesmo com as sobras da ceia, almoço e jantar, pois todo ano acabávamos enjoados e jogávamos fora. Hoje repetimos nosso gesto, minha avó e dois dos meus primos também foram até centro e demos comida para as pessoas. Uma delas até falou: “Obrigado, hoje não passaremos fome”. Mas o mais emocionante foi o que uma criança falou: “Moça, esse moço é seu marido?” Eu disse que não e ela falou: “E os outros?” Eu respondi: “são algumas pessoas da minha família”. O menino mudou o tom da voz e disse: “Eu queria ter uma família, mas Deus não gosta de mim”. Aquilo cortou meu coração, estou pensando muito a respeito, infelizmente a minha família não tem condições de ter mais alguém e a adoção é muito difícil aqui no Brasil. Eu queria saber como podemos ajudar essas crianças. Vocês poderiam me ajudar a buscar uma solução?
Adriana Moreira da Silva
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