Prezado Egidio,
Ganhei o livro Pinóquio do Asfalto, no sábado passado, como presente de Natal da minha madrinha, que teria de viajar. Fiquei tomada de uma emoção que nunca senti antes. Eu realmente via as crianças de rua como um problema social, algo que tínhamos que “se livrar” para que a sociedade fosse melhor. Mas eu me vi perguntado: melhor pra quem? Pensamos com egoísmo, no que é mais conveniente para a gente. Isso é horrível! Na véspera de Natal estava uma muvuca em São Paulo, tinha gente pra todo lado. Eu chamei meu namorado e fui com ele para o centro da cidade. Estava muito complicado, gente pra todos os lados e muitas crianças e adultos de mãos estendidas. Fui com o meu namorado até um mercadinho e compramos um monte de coisas, mesmo tendo pouco dinheiro, gastei mais de R$ 150,00 comprando comida para poder desejar um feliz natal, depois saímos distribuindo. Cada um que ganhava agradecia, vimos muitos olhos mostrarem gratidão. Eu e meu namorado sentimos uma satisfação tão grande por ter deixado algumas pessoas que na hora da ceia, nós falamos para a família sobre nossa ação e minha avó sugeriu que fizéssemos o mesmo com as sobras da ceia, almoço e jantar, pois todo ano acabávamos enjoados e jogávamos fora. Hoje repetimos nosso gesto, minha avó e dois dos meus primos também foram até centro e demos comida para as pessoas. Uma delas até falou: “Obrigado, hoje não passaremos fome”. Mas o mais emocionante foi o que uma criança falou: “Moça, esse moço é seu marido?” Eu disse que não e ela falou: “E os outros?” Eu respondi: “são algumas pessoas da minha família”. O menino mudou o tom da voz e disse: “Eu queria ter uma família, mas Deus não gosta de mim”. Aquilo cortou meu coração, estou pensando muito a respeito, infelizmente a minha família não tem condições de ter mais alguém e a adoção é muito difícil aqui no Brasil. Eu queria saber como podemos ajudar essas crianças. Vocês poderiam me ajudar a buscar uma solução?
Adriana Moreira da Silva
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
ULISSES NO PAÍS DAS MARAVELHAS
Ulisses no País das Maravelhas - Egidio Trambaiolli Neto - Editora Uirapuru
(trecho para apreciação)
https://likestore.com.br/store/showcase/editorauirapuru
Aprecie com moderação... Deixe que a bagunça eu faço!
CAPÍTULO I
A
MANUTENÇÃO
Parecia mais um fim de dia normal na vida de Ulisses, o técnico em máquinas
domésticas de vinte e poucos anos que carregava sua pesada mala de ferramentas
escada acima. Pela terceira vez naquela semana, ele teria de visitar a casa
daquela senhora misteriosa que usava um coque de cabelos grisalhos no alto da
cabeça e possuía ancas enormes que, em geral, se deslocavam no ritmo da máquina
de lavar roupas que havia pifado uma vez mais.
Àquelas alturas, na cabeça de Ulisses, passava apenas o pensamento de que já era tarde e o horário de bater o cartão na Oficina Coelho, do Senhor Carlos Coelho, mais conhecido pelo sobrenome, estava próximo. Mas aquela chamada de última hora poderia obrigá-lo a ficar além da jornada daquele dia e ouvir a reclamação do Seu Coelho de que ele estava fazendo corpo mole para receber hora extra por seus préstimos. Mas, fazer o quê? Era ouvir o patrão resmungando pelas horas adicionais ou por ele não ter atendido à cliente que mais lhe rendia lucros.
Ulisses não sabia o nome daquela mulher, aliás, acho que ninguém ao certo sabia, ele apenas recebia os telefonemas reclamando da geladeira, do fogão e, principalmente, da máquina de lavar roupas que enguiçava constantemente. Cada vez que atendia ao telefone e ouvia uma voz rouca reclamando de seus velhos eletrodomésticos, Ulisses já sabia que se tratava da cliente mais estranha que a oficina autorizada já tivera em sua carteira. Para variar, a mulher ligava resmungando dos velhos equipamentos que tinham mais de cinquenta anos, mas que ela insistia em continuar utilizando.
Muitas vezes o reparo saía mais caro do que um aparelho novo, mas aquela senhora não queria nem ouvir falar a respeito, insistia nas velharias e se irritava quando alguém mencionava que aquele aparelho não tinha mais reparo. Ciente da teimosia de sua cliente, Ulisses sequer cogitava a aposentadoria do maquinário e arrumava aquelas peças de museu.
No fundo, o rapaz já estava acostumado com as esquisitices da mulher que não aceitava outro técnico para consertar seus aparelhos. No fundo, ele sabia que ela gostava de seus préstimos e isso era o que importava. A única coisa que perturbava Ulisses naquela casa era aquele gato sinistro que olhava insistentemente para ele toda vez que ia consertar algum eletrodoméstico. Contudo, naquele dia em especial, o gato tinha um quê maior de esquisitice e parecia satisfeito por ver com que dificuldade Ulisses tentava arrumar o aparelho, olhava aflito para o relógio e murmurava: É tarde, é tarde, é muito tarde...
Ulisses olhou para o gato que parecia sorrir e revezava sua atenção entre o relógio e o reparo que o estava obrigando a mergulhar de cabeça no compartimento em que se lavava a roupa. O mais curioso era que a peça que deveria ser trocada, no fundo da máquina, parecia inalcançável. Ulisses não entendia como, mas parecia que seu braço não chegava ao parafuso do eixo principal, obrigando-o a entrar até a cintura na câmara de lavagem da máquina, forçando-o a tentar desenroscar um parafuso que, pelo tempo de uso, sem dúvida alguma já estava espanado.
O gato permanecia olhando firme para Ulisses e viu quando seus pés já não tocavam no chão. Foi nesse instante que o riso no rosto do gato ficou evidente. O bicho pulou com as quatro patas no traseiro de Ulisses, empurrando-o ainda mais para dentro da máquina de lavar, que estranhamente passou a funcionar. Assim, a água começou a entrar na câmara, levando Ulisses ao desespero. Era muita água! O motor girava, ora para a direita, ora para a esquerda, lembrando os movimentos das ancas de sua proprietária. De repente, as roupas começaram a cair como uma avalanche no interior da máquina de lavar. Ulisses agora media menos que um dedo polegar.
Com o vai e vem do motor, Ulisses entrou por uma manga de uma camisa e saiu pela outra, mergulhou de cabeça pela perna de uma calça e saiu pela cintura, fechou os olhos e fez cara feia quando passou por dentro de uma cueca e se enrolou em uma grossa blusa de lã verde-bandeira. Por mais que tentasse, Ulisses não conseguia subir à tona, era jogado para lá e para cá.
O rapaz já estava ficando roxo por prender sua respiração, até que ele avistou um ralo que parecia ter vida própria, que gesticulava e até tentava lhe falar algo. Ulisses sentia-se atordoado, achava que estava tendo alucinações e ficava cada vez mais roxo, até que não aguentou mais e tentou buscar o ar onde não existia: em meio a toda aquela água que o mantinha submerso.
Àquelas alturas, na cabeça de Ulisses, passava apenas o pensamento de que já era tarde e o horário de bater o cartão na Oficina Coelho, do Senhor Carlos Coelho, mais conhecido pelo sobrenome, estava próximo. Mas aquela chamada de última hora poderia obrigá-lo a ficar além da jornada daquele dia e ouvir a reclamação do Seu Coelho de que ele estava fazendo corpo mole para receber hora extra por seus préstimos. Mas, fazer o quê? Era ouvir o patrão resmungando pelas horas adicionais ou por ele não ter atendido à cliente que mais lhe rendia lucros.
Ulisses não sabia o nome daquela mulher, aliás, acho que ninguém ao certo sabia, ele apenas recebia os telefonemas reclamando da geladeira, do fogão e, principalmente, da máquina de lavar roupas que enguiçava constantemente. Cada vez que atendia ao telefone e ouvia uma voz rouca reclamando de seus velhos eletrodomésticos, Ulisses já sabia que se tratava da cliente mais estranha que a oficina autorizada já tivera em sua carteira. Para variar, a mulher ligava resmungando dos velhos equipamentos que tinham mais de cinquenta anos, mas que ela insistia em continuar utilizando.
Muitas vezes o reparo saía mais caro do que um aparelho novo, mas aquela senhora não queria nem ouvir falar a respeito, insistia nas velharias e se irritava quando alguém mencionava que aquele aparelho não tinha mais reparo. Ciente da teimosia de sua cliente, Ulisses sequer cogitava a aposentadoria do maquinário e arrumava aquelas peças de museu.
No fundo, o rapaz já estava acostumado com as esquisitices da mulher que não aceitava outro técnico para consertar seus aparelhos. No fundo, ele sabia que ela gostava de seus préstimos e isso era o que importava. A única coisa que perturbava Ulisses naquela casa era aquele gato sinistro que olhava insistentemente para ele toda vez que ia consertar algum eletrodoméstico. Contudo, naquele dia em especial, o gato tinha um quê maior de esquisitice e parecia satisfeito por ver com que dificuldade Ulisses tentava arrumar o aparelho, olhava aflito para o relógio e murmurava: É tarde, é tarde, é muito tarde...
Ulisses olhou para o gato que parecia sorrir e revezava sua atenção entre o relógio e o reparo que o estava obrigando a mergulhar de cabeça no compartimento em que se lavava a roupa. O mais curioso era que a peça que deveria ser trocada, no fundo da máquina, parecia inalcançável. Ulisses não entendia como, mas parecia que seu braço não chegava ao parafuso do eixo principal, obrigando-o a entrar até a cintura na câmara de lavagem da máquina, forçando-o a tentar desenroscar um parafuso que, pelo tempo de uso, sem dúvida alguma já estava espanado.
O gato permanecia olhando firme para Ulisses e viu quando seus pés já não tocavam no chão. Foi nesse instante que o riso no rosto do gato ficou evidente. O bicho pulou com as quatro patas no traseiro de Ulisses, empurrando-o ainda mais para dentro da máquina de lavar, que estranhamente passou a funcionar. Assim, a água começou a entrar na câmara, levando Ulisses ao desespero. Era muita água! O motor girava, ora para a direita, ora para a esquerda, lembrando os movimentos das ancas de sua proprietária. De repente, as roupas começaram a cair como uma avalanche no interior da máquina de lavar. Ulisses agora media menos que um dedo polegar.
Com o vai e vem do motor, Ulisses entrou por uma manga de uma camisa e saiu pela outra, mergulhou de cabeça pela perna de uma calça e saiu pela cintura, fechou os olhos e fez cara feia quando passou por dentro de uma cueca e se enrolou em uma grossa blusa de lã verde-bandeira. Por mais que tentasse, Ulisses não conseguia subir à tona, era jogado para lá e para cá.
O rapaz já estava ficando roxo por prender sua respiração, até que ele avistou um ralo que parecia ter vida própria, que gesticulava e até tentava lhe falar algo. Ulisses sentia-se atordoado, achava que estava tendo alucinações e ficava cada vez mais roxo, até que não aguentou mais e tentou buscar o ar onde não existia: em meio a toda aquela água que o mantinha submerso.
– Fique
calmo! – disse o ralo – Respire fundo!
Sem entender o que estava acontecendo, exaurido de suas forças, Ulisses foi decantando e pousando no fundo da câmara de lavagem que agora não mais batia as roupas, bem diante do ralo.
– Muito bem! – comentou o ralo para Ulisses que não entendia o que estava acontecendo – Agora fique sentado e espere!
– Esperar o quê?
– Ah, você não sabe? Tente adivinhar!
– Isso é ridículo! Estou tendo alucinações! Respirando embaixo da água, tal qual um peixe e falando com a tampa de um ralo!
– Ei, calma lá! Eu não sou uma tampa de ralo qualquer!
– Não? Então o que você é? – rebateu Ulisses com rispidez – A rainha da Inglaterra?
O ralo ergueu uma das sobrancelhas, empinou o nariz e disse:
– Eu sou o Senhor Tampa de Ralo!
– Ridículo!
– Ah é? Eu sou aquele que permite que qualquer um passe para o outro lado!
– Balela!
– Muito bem, sabichão! – comentou a tampa cruzando seus mirrados braços – Eu quero ver como você vai se virar durante a centrifugação!
– Você está brincando, não é?
– Não! Você vai ficar sequinho!
Ulisses tentou abrir o ralo, torcendo a tampa como toda a força, até que ele reclamou:
– Ei! Você está me machucando!
– Eu preciso sair daqui antes que eu vire um selo de correio de tão achatado que vou ficar!
– Calma lá! Você não consegue passar por dentro de mim desse tamanho! – disse o ralo.
– Mas eu preciso sair daqui!
A tampa do ralo aproveitou a oportunidade e lançou uma charada.
– De um inteiro sou metade, mas o meu dobro é um par. Quem sou eu? Diga sem titubear!
Ulisses tentou pensar em uma fração de segundos, se irritou e esbravejou:
– Isso não tem sentido! Se for a metade, o dobro é um inteiro e não um par!
– Resposta errada! – disse a tampa do ralo – Só mais uma chance!
Cada vez que Ulisses ouvia um clique do timer da máquina de lavar, sabia que o
tempo de espera para a centrifugação estava indo embora, tinha consciência de
que se não fizesse algo, logo seria espremido contra as paredes da máquina de
lavar até explodir como um tomate maduro quando cai ao chão. O rapaz ficou
pensativo, percebeu que naquela charada tinha alguma pegadinha e se pôs a
maturar as informações recebidas.Sem entender o que estava acontecendo, exaurido de suas forças, Ulisses foi decantando e pousando no fundo da câmara de lavagem que agora não mais batia as roupas, bem diante do ralo.
– Muito bem! – comentou o ralo para Ulisses que não entendia o que estava acontecendo – Agora fique sentado e espere!
– Esperar o quê?
– Ah, você não sabe? Tente adivinhar!
– Isso é ridículo! Estou tendo alucinações! Respirando embaixo da água, tal qual um peixe e falando com a tampa de um ralo!
– Ei, calma lá! Eu não sou uma tampa de ralo qualquer!
– Não? Então o que você é? – rebateu Ulisses com rispidez – A rainha da Inglaterra?
O ralo ergueu uma das sobrancelhas, empinou o nariz e disse:
– Eu sou o Senhor Tampa de Ralo!
– Ridículo!
– Ah é? Eu sou aquele que permite que qualquer um passe para o outro lado!
– Balela!
– Muito bem, sabichão! – comentou a tampa cruzando seus mirrados braços – Eu quero ver como você vai se virar durante a centrifugação!
– Você está brincando, não é?
– Não! Você vai ficar sequinho!
Ulisses tentou abrir o ralo, torcendo a tampa como toda a força, até que ele reclamou:
– Ei! Você está me machucando!
– Eu preciso sair daqui antes que eu vire um selo de correio de tão achatado que vou ficar!
– Calma lá! Você não consegue passar por dentro de mim desse tamanho! – disse o ralo.
– Mas eu preciso sair daqui!
A tampa do ralo aproveitou a oportunidade e lançou uma charada.
– De um inteiro sou metade, mas o meu dobro é um par. Quem sou eu? Diga sem titubear!
Ulisses tentou pensar em uma fração de segundos, se irritou e esbravejou:
– Isso não tem sentido! Se for a metade, o dobro é um inteiro e não um par!
– Resposta errada! – disse a tampa do ralo – Só mais uma chance!
– Metade de um é meio... Meio... Meia... Espere, um par de meias tem duas meias... Saquei! São as meias! – falou Ulisses todo orgulhoso. – Mas e daí?
– Use as meias, oras bolas! – disse a tampa do ralo com relativa arrogância.
– Mas essas meias são maiores do que eu! Como vou colocá-las?
O Senhor Tampa de Ralo grunhiu e falou com aspereza:
– Onde já se viu? As meias são para cheirar e não para vesti-las nesses pezinhos de Cinderela! Faça isso para iniciar sua Odisseia!
– Rá, rá, rá, muito engraçado! – resmungou Ulisses cruzando os braços – E, quer saber? Eu não vou cheirar essas meias imundas com aroma de chulé!
– Problema é seu! Não sou eu que quero sair daqui para fugir da centrifugação! Acho melhor você cheirar, caso contrário você vai ser espremido contra essas paredes até seus olhos saltarem das órbitas.
Ulisses apanhou uma das meias mantendo os olhos fixos no Senhor Tampa de Ralo, querendo fulminá-lo, olhou com cara de nojo para um dos pés da meia, pegou-o com as pontas dos dedos, aproximou-o de modo relutante do nariz e cheirou.
– Que fedor de gorgonzola! – disse Ulisses ameaçando vomitar.
Sem que pudesse dizer mais uma palavra, Ulisses encolheu ainda mais, desta vez estava menor que a unha de um dedo mindinho. Com o tamanho apropriado para passar pelo ralo, mas ele ainda estava tampado.
– Você não deve bater bem da cabeça! Como é que você vai conseguir tirar a tampa que obstrui a saída? – perguntou a tampa do ralo.
Preocupado com a dúvida plantada em sua cabeça pelo Senhor Tampa de Ralo, o rapaz começou a ficar aflito, tentou de todas as formas arrancar-lhe do ralo, mas não tinha forças suficientes para realizar tal façanha, contudo, um novo clique do timer mostrou que o tempo estava se acabando.
– Eu não consigo! O que eu faço? Se eu for comprimido desse tamanho, meus ossos vão se quebrar!
– Cheire a outra meia! Assim você vai crescer!
Imediatamente Ulisses pegou a outra meia do par, cheirou fundo e começou a crescer.
– Ei, se eu cheirar mais essa meia, com certeza eu sairei por cima da máquina de lavar! – exclamou o rapaz com otimismo.
– Não diga tolices! A máquina só funciona com a tampa abaixada!
– Eu vou forçar! Eu vou crescer até arrebentar a tampa! – retrucou.
– Bom, não diga que eu não o avisei! – falou a tampa do ralo com desdém.
Ulisses se preparou e cheirou a meia o mais fundo possível, mas, por mais que ele cheirasse e crescesse, a tampa da máquina ficava ainda mais distante. Para piorar, Ulisses via o gato risonho acenando para ele sentado em cima da tampa da máquina de lavar, com aquele riso estúpido estampado na cara.
– Eu, puff, puff, não puff, puff, consigo!!!
– Bem que eu te avisei! – berrou a tampa do ralo que agora parecia mais distante ainda.
– Eu quero sair daqui! – gritou o rapaz.
O livro já está a venda em https://likestore.com.br/store/showcase/editorauirapuru
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
DEU A LOUCA NA LOJA VIRTUAL DA EDITORA UIRAPURU!
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Produtos com até 50% de desconto.
Confira!
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Mas, a campanha continua! Na compra de livros da Editora Uirapiru, uma publicação será doada para alguma criança ou jovem carente. Vamos dar esperança de um futuro melhor para os Pinóquios do Asfalto que existem por aí: https://www.facebook.com/pinoquiodoasfalto
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Considerações de Renan Motta
Ontem terminou minha aventura! Pinóquio do Asfalto! Uma história que
infelizmente, é uma realidade pra muitos Brasileirinhos. Márcio me fez lembrar
momentos em que passei na infância, as dificuldades, a falta d...a educação e
muitas vezes a coragem... A luta pela sobrevivência.
Impossível não se emocionar, obrigado Egidio Trambaiolli Neto, por me proporcionar refletir e reconhecer esse lindo trabalho!
Temos uma missão aqui na Terra... Podemos mudar essa história!!!
"As tecnologias, os celulares, ou computadores e a Internet, ao mesmo tempo em que nos aproximaram, também nos afastaram, os amigos ficaram muito virtuais e pouco virtuosos.... É preciso termos enraizado em nossas mentes que as pessoas precisam de amor, de carinho e de abraços, sem o olho no olho e o aperto de mão nós nos tornamos frios e egoístas, valorizando a frieza imposta pelas mídias socias.
Trecho do livro Pinóquio do Asfalto, de Egidio Trambaiolli Neto
Impossível não se emocionar, obrigado Egidio Trambaiolli Neto, por me proporcionar refletir e reconhecer esse lindo trabalho!
Temos uma missão aqui na Terra... Podemos mudar essa história!!!
"As tecnologias, os celulares, ou computadores e a Internet, ao mesmo tempo em que nos aproximaram, também nos afastaram, os amigos ficaram muito virtuais e pouco virtuosos.... É preciso termos enraizado em nossas mentes que as pessoas precisam de amor, de carinho e de abraços, sem o olho no olho e o aperto de mão nós nos tornamos frios e egoístas, valorizando a frieza imposta pelas mídias socias.
Trecho do livro Pinóquio do Asfalto, de Egidio Trambaiolli Neto
Considerações de Graziela Oliveira de Lima
Enfim chegou minha vez!!!
Apenas 1:00h para devorar o livro (e que história!) e mais meia hora para voltar ao mundo real...
#voltandoaospoucos
#precisandopresentearmaispessoas
Quanta sensibilidade e inspiração para dizer o que tem que ser dito, Egidio Trambaiolli Neto...
(ainda não parei de pensar... rs...)
Apenas 1:00h para devorar o livro (e que história!) e mais meia hora para voltar ao mundo real...
#voltandoaospoucos
#precisandopresentearmaispessoas
Quanta sensibilidade e inspiração para dizer o que tem que ser dito, Egidio Trambaiolli Neto...
(ainda não parei de pensar... rs...)
Pinóquio do Asfalto na Bahia
Dois atores talentosos com seus exemplares de Pinóquio do
Asfalto: Ridson Reis e Renan Motta. Ontem, em Salvador, no Teatro Vila Velha,
assisti com Ridson o espetáculo Sortilégio, de Abdias do Nascimento, direção do
extraordinário Ângelo Flávio e coreografia do fantástico Zebrinha, com Renan
Motta dando um show em um dos papéis de Emanuel. Parabéns, meninos de ouro, sou
fã de vocês!
Egidio e Ridson Reis (ator)
Renan Motta (ator) e Egidio
Preconceitos
Outro
depoimento que faz pensar...
"Eu sou de família tradicional alemã, típica daqui de Santa Catarina e decidi também dar meu desabafo, como o garoto que contou sua história na outra postagem.
Eu não nasci pobre, sem-teto, muito pelo contrário, mas fui morar na rua depois que o meu pai descobriu que eu era homossexual. Nunca vou me esquecer da frase que ele disse: Lugar de lixo é no lixo. Você ...não é meu filho, deve ter sido trocado na maternidade e disse uma centena de palavrões. Ele me espancou e eu fui parar na rua só com a roupa do meu corpo. Minha mãe e minha irmão não fizeram nada. Isso doeu demais.
Na rua me tornei promíscuo, vulgar, usuário de drogas e tive duas overdoses que quase me mataram. Eu fui estuprado várias vezes por homens da rua e por gente que se dizia de bem. Infelizmente, o gay não é respeitado nem por mendigos.
Peguei várias doenças e transmiti muitas também, não sei como não peguei AIDS. Foi em um albergue que acabei dizendo para mim mesmo que não ia deixar aquilo continuar daquele jeito. Decidi me travestir e me prostituir em regiões mais ricas. Apanhei, bati, me machucaram e eu machuquei também. Mas, pelo menos, consegui um pouco de respeito. Depois de oito anos na rua, você já viu de tudo, já fez de tudo e sabe que vai ter que fazer muito mais. Certa vez um grupo de homofóbicos me espancou depois de um jogo entre Grêmio e Figueirense, fui parar no hospital, foi aí que conheci um médico maravilhoso. Ele foi muito bom comigo. No final, ele me deu o cartão dele, da clínica onde ele atendia. Depois de algumas conversas e alguns encontros, começamos a namorar e estamos morando juntos desde 20 de março 2012. Eu voltei a estudar no ano passado, estou fazendo enfermagem. Na semana passada o meu amor me deu seu livro e ainda brincou dizendo que o livro deveria ter uma outra versão chamada de Bonequinha de Luxo do Asfalto, em minha homenagem. Me senti a verdadeira Audrey Hepburn! Agora eu não me travisto mais, vivemos juntos e somos discretos. Ele está me ajudando a me livrar das drogas, essa está sendo a parte mais difícil. Ontem eu li seu livro e achei lindo! Maravilhoso! Uma lição de vida. Por isso, eu gostaria que você escrevesse um outro, com o contexto do sofrimento dos homossexuais quando são expulsos de casa para morar na rua. Se cada cicatriz do meu corpo fosse uma página de um livro, eu teria páginas suficientes para escrever um romance. Não precisa se chamar Bonequinha de Luxo do Asfalto, mas mostrar para o mundo que os gays também tem sentimentos."
Para quem não entendeu o recado: Homofobia, não!
"Eu sou de família tradicional alemã, típica daqui de Santa Catarina e decidi também dar meu desabafo, como o garoto que contou sua história na outra postagem.
Eu não nasci pobre, sem-teto, muito pelo contrário, mas fui morar na rua depois que o meu pai descobriu que eu era homossexual. Nunca vou me esquecer da frase que ele disse: Lugar de lixo é no lixo. Você ...não é meu filho, deve ter sido trocado na maternidade e disse uma centena de palavrões. Ele me espancou e eu fui parar na rua só com a roupa do meu corpo. Minha mãe e minha irmão não fizeram nada. Isso doeu demais.
Na rua me tornei promíscuo, vulgar, usuário de drogas e tive duas overdoses que quase me mataram. Eu fui estuprado várias vezes por homens da rua e por gente que se dizia de bem. Infelizmente, o gay não é respeitado nem por mendigos.
Peguei várias doenças e transmiti muitas também, não sei como não peguei AIDS. Foi em um albergue que acabei dizendo para mim mesmo que não ia deixar aquilo continuar daquele jeito. Decidi me travestir e me prostituir em regiões mais ricas. Apanhei, bati, me machucaram e eu machuquei também. Mas, pelo menos, consegui um pouco de respeito. Depois de oito anos na rua, você já viu de tudo, já fez de tudo e sabe que vai ter que fazer muito mais. Certa vez um grupo de homofóbicos me espancou depois de um jogo entre Grêmio e Figueirense, fui parar no hospital, foi aí que conheci um médico maravilhoso. Ele foi muito bom comigo. No final, ele me deu o cartão dele, da clínica onde ele atendia. Depois de algumas conversas e alguns encontros, começamos a namorar e estamos morando juntos desde 20 de março 2012. Eu voltei a estudar no ano passado, estou fazendo enfermagem. Na semana passada o meu amor me deu seu livro e ainda brincou dizendo que o livro deveria ter uma outra versão chamada de Bonequinha de Luxo do Asfalto, em minha homenagem. Me senti a verdadeira Audrey Hepburn! Agora eu não me travisto mais, vivemos juntos e somos discretos. Ele está me ajudando a me livrar das drogas, essa está sendo a parte mais difícil. Ontem eu li seu livro e achei lindo! Maravilhoso! Uma lição de vida. Por isso, eu gostaria que você escrevesse um outro, com o contexto do sofrimento dos homossexuais quando são expulsos de casa para morar na rua. Se cada cicatriz do meu corpo fosse uma página de um livro, eu teria páginas suficientes para escrever um romance. Não precisa se chamar Bonequinha de Luxo do Asfalto, mas mostrar para o mundo que os gays também tem sentimentos."
A vida como ela realmente é
Depoimento recebido em um comentário deste blog
"Senhor
Egidio
A vida na rua não é fácil. A gente já nasce com o rótulo de bandido, mesmo não sendo. Eu perdi dois irmãos em uma chacina, destas que a polícia faz para tirar pessoas como nós das ruas. Às vezes, a gente dá sorte, às vezes De...us dá uma olhadinha para a gente que vive na rua e resolve dar uma oportunidade. Eu mesma acabei me casando com um homem simples que trabalha em uma casa de materiais de construção. Foi ele que me tirou da rua. Na época da chacina dos meus irmãos, que não eram bandidos mas conheciam bandidos, eu muito fiquei assustada, eu achei que ia morrer. Eu me lembrava daquilo que o povo dizia: diga com quem anda e direi quem você é. Acho que por isso a polícia matou meus irmãos, um deles dizia que ele tinha que ser amigo dos marginais para proteger a gente, ele morria de medo que eu fosse estuprada. Talvez seja porque nossa mãe era uma prostituta e fazia filho direto, acho que viemos ao mundo como um castigo pra ela, meus irmãos morreram pra que ela sofresse, mas acho que não adiantou, não sei por onde ela anda. Ela sumiu. Meu marido é um homem muito bom, ele me ajudou a tirar documentos, me levou pra escola de EJA e eu estou terminando de estudar. Minha professora que me ajuda a escrever bem porque eu ainda faço muitos erros. Sou grata a ela por isso. Nesse mês ela passou pra gente ler alguns livros e eu escolhi o Pinóquio do Asfalto. Fiquei emocionada, chorei muito com a história do pequeno Marcio. Era pra gente ler só um capítulo e mesmo com as minhas dificuldades eu quis ler o livro inteiro. Minha professora falou para nós escrevermos para os autores contando um pouco da nossa história e eu estou aqui fazendo isso, mesmo com muita vergonha porque eu sou pobre e não sei escrever direito. Seu livro está com um outro aluno agora, ele também viveu na rua quando foi abandonado. Espero que o livro ajude esse meu colega de classe também a ver como tem gente que tem bom coração. Eu acho que você é igual essas pessoas que só faz o bem, você tinha que ganhar um prêmio Nobel da paz.
A vida na rua não é fácil. A gente já nasce com o rótulo de bandido, mesmo não sendo. Eu perdi dois irmãos em uma chacina, destas que a polícia faz para tirar pessoas como nós das ruas. Às vezes, a gente dá sorte, às vezes De...us dá uma olhadinha para a gente que vive na rua e resolve dar uma oportunidade. Eu mesma acabei me casando com um homem simples que trabalha em uma casa de materiais de construção. Foi ele que me tirou da rua. Na época da chacina dos meus irmãos, que não eram bandidos mas conheciam bandidos, eu muito fiquei assustada, eu achei que ia morrer. Eu me lembrava daquilo que o povo dizia: diga com quem anda e direi quem você é. Acho que por isso a polícia matou meus irmãos, um deles dizia que ele tinha que ser amigo dos marginais para proteger a gente, ele morria de medo que eu fosse estuprada. Talvez seja porque nossa mãe era uma prostituta e fazia filho direto, acho que viemos ao mundo como um castigo pra ela, meus irmãos morreram pra que ela sofresse, mas acho que não adiantou, não sei por onde ela anda. Ela sumiu. Meu marido é um homem muito bom, ele me ajudou a tirar documentos, me levou pra escola de EJA e eu estou terminando de estudar. Minha professora que me ajuda a escrever bem porque eu ainda faço muitos erros. Sou grata a ela por isso. Nesse mês ela passou pra gente ler alguns livros e eu escolhi o Pinóquio do Asfalto. Fiquei emocionada, chorei muito com a história do pequeno Marcio. Era pra gente ler só um capítulo e mesmo com as minhas dificuldades eu quis ler o livro inteiro. Minha professora falou para nós escrevermos para os autores contando um pouco da nossa história e eu estou aqui fazendo isso, mesmo com muita vergonha porque eu sou pobre e não sei escrever direito. Seu livro está com um outro aluno agora, ele também viveu na rua quando foi abandonado. Espero que o livro ajude esse meu colega de classe também a ver como tem gente que tem bom coração. Eu acho que você é igual essas pessoas que só faz o bem, você tinha que ganhar um prêmio Nobel da paz.
Meninas de Rua
Outro
depoimento, desta feita, de outro ponto de vista.
"Meu nome é Renata. Confesso que eu sempre tive medo dessas pessoas que vivem nas ruas, mas depois que li seu livro Pinóquio do Asfalto eu mudei minha leitura a respeito. Muitas vezes... olhamos com os olhos da sociedade e não com nossos próprios olhos. Fiquei emocionada quando vi o texto do Lee, foi preciso alguém vir de longe para me fazer enxergar que nós empurramos o povo para a miséria, para o abandono, pois nosso país é cheio de desigualdades. Eu terminei de ler o livro no sábado passado e a história não saía da minha cabeça. Fui até o shopping para começar a fazer compras de Natal e encontrei com a minha amiga. Passamos a tarde juntas, como era dia da minha filha ficar com o pai, aproveitei e comprei várias coisas, saí carregada! Na volta, deparei com uma criança mendigando e logo seu livro veio na minha cabeça, meu coração ficou apertado! Parei meu carro no posto ao lado, fui até uma loja de conveniência e comprei dois salgados e um suco, abri o porta-malas e peguei um livro que eu havia comprado para a minha filha, que julgo ter a mesma idade do menino. Chamei o menino que me viu com os salgados nas mãos e veio correndo, com suas perninhas finas e olhos brilhantes. Ele parou, olhou nos meus olhos, esperando a minha bondade. Estiquei meus braços e entreguei aquele que eu julgava ser o almoço dele já em fim de tarde. Fiquei parada, vendo como ele devorava a comida, algo que muitas vezes minha filha faz cara feia e deixa no prato. Ela tinha que ver aquilo! Perguntei um monte de coisas para ele, parecia que ele me contava seu livro. Fiquei esperando ele terminar de comer e dei o livro. Aqueles olhos negros emoldurados por uma cor branca em um rosto negro me hipinotizou. Fiquei esperando ele abrir o livro... Ele agradeceu e abriu! Foi a primeira vez que vi aqueles dentes brancos reluzindo em um sorriso estampado em sua pele da cor da noite. Eu descobri um anjo!"
Obrigado Renata por compartilhar sua história e sua bela ação. São pessoas como você que podem ajudar a mudar nosso triste panorama.
"Meu nome é Renata. Confesso que eu sempre tive medo dessas pessoas que vivem nas ruas, mas depois que li seu livro Pinóquio do Asfalto eu mudei minha leitura a respeito. Muitas vezes... olhamos com os olhos da sociedade e não com nossos próprios olhos. Fiquei emocionada quando vi o texto do Lee, foi preciso alguém vir de longe para me fazer enxergar que nós empurramos o povo para a miséria, para o abandono, pois nosso país é cheio de desigualdades. Eu terminei de ler o livro no sábado passado e a história não saía da minha cabeça. Fui até o shopping para começar a fazer compras de Natal e encontrei com a minha amiga. Passamos a tarde juntas, como era dia da minha filha ficar com o pai, aproveitei e comprei várias coisas, saí carregada! Na volta, deparei com uma criança mendigando e logo seu livro veio na minha cabeça, meu coração ficou apertado! Parei meu carro no posto ao lado, fui até uma loja de conveniência e comprei dois salgados e um suco, abri o porta-malas e peguei um livro que eu havia comprado para a minha filha, que julgo ter a mesma idade do menino. Chamei o menino que me viu com os salgados nas mãos e veio correndo, com suas perninhas finas e olhos brilhantes. Ele parou, olhou nos meus olhos, esperando a minha bondade. Estiquei meus braços e entreguei aquele que eu julgava ser o almoço dele já em fim de tarde. Fiquei parada, vendo como ele devorava a comida, algo que muitas vezes minha filha faz cara feia e deixa no prato. Ela tinha que ver aquilo! Perguntei um monte de coisas para ele, parecia que ele me contava seu livro. Fiquei esperando ele terminar de comer e dei o livro. Aqueles olhos negros emoldurados por uma cor branca em um rosto negro me hipinotizou. Fiquei esperando ele abrir o livro... Ele agradeceu e abriu! Foi a primeira vez que vi aqueles dentes brancos reluzindo em um sorriso estampado em sua pele da cor da noite. Eu descobri um anjo!"
Obrigado Renata por compartilhar sua história e sua bela ação. São pessoas como você que podem ajudar a mudar nosso triste panorama.
É preciso desabafar!
Hoje recebi mais um depoimento emocionante, motivado pela postagem de Luan Paganarde que contou um pouco de sua história. Assim, um rapaz que não quis se identificar, mas procurou desabafar, relatou a sua sofrida vida e a relação estreita c...om a história do livro Pinóquio do Asfalto:
"Quero aproveitar para falar também da minha infância. Eu gostaria de deixar meu nome, mas eu tenho medo, porque eu passei um bom tempo nas ruas. Minha mãe, pelo que contam, era viciada e engravidou não se sabe de quem e me colocou no mundo. Na realidade ela me largou no lixo e fui encontrado em uma pilha de lixo na região da estação Armênia do metrô. Quem me encontrou foi uma moradora de rua que morava em um prédio abandonado junto com mais um monte de gente e ali fui crescendo. Quando eu tinha cinco anos, a polícia fez com que todos que moravam ali fossem jogados na rua porque o dono do prédio queria desocupar o lugar. Fiquei por três anos passando fome, frio e raiva embaixo de viadutos, onde respirávamos gás de escapamento de carros. Minha mãe acabou pegando pneumonia e morrendo, eu fiquei sozinho de novo. Foi aí que me juntei a outros meninos para fazer o que não podia, não devia. Um homem que tinha três filhos me levou para matricular na escola, mas eu não tinha documentos. A escola me ajudou, lá tinha comida, fui aprendendo a escrever e ler, mas na rua aprendendo a usar drogas, roubar, a machucar pessoas e fazer sexo por dinheiro. Infelizmente tem gente que só quer fazer sexo com crianças. Eu também comecei a fazer sexo com outras crianças, isso era comum com a gente. Depois de um tempo, quando eu já tinha 13 anos engravidei uma menina que era mais velha que eu e vivia aparecendo na cracolândia, ela não morava na rua, mas foi tirar a criança e morreu por causa do aborto. Tinha um padre que me ajudava, dava comida quando eu não ia na escola. Quando a polícia chegou na cracolândia eu apanhei muito. Ficamos rondando na cidade como zumbis dos filmes que eu via da porta das Casas Bahia, sem saber pra onde ir. Depois de uns dias que a cracolância acabou, eu roubei comida em um supermercado, apanhei dos seguranças e fui detido na Fundação, até que eu fiquei de maior. Hoje quem me ajuda é o mesmo padre que me ajudava antes e algumas pessoas da igreja, esta carta foi uma senhora da igreja que me ajudou a escrever comigo, ela corrigiu meus erros, porque ainda não terminei a escola. Ela tem um bom coração. Ela digitou para mim. Foi ela também que comprou seu livro e me ajudou a ler, porque eu não sei ler muito bem, tem palavras que são difíceis. O padre e o pessoal da igreja estão me ajudando, acho que é por isso que dizem que a igreja é a casa de Deus. Aqui eu me sinto um menino de verdade, um homem de verdade, e sei que se Deus me colocou no mundo e se a minha mãe me colocou no lixo, aqui eu posso voltar para o mundo com a ajuda dessas pessoas que têm Deus em seu coração e por um escritor tão fantástico que é você, que escreveu Pinóquio do Asfalto para que o mundo olhe para nós, que veja como é a nossa vida. Nós só queremos ser amados. Não temos culpa de mães que abandonam, de pais que não conhecemos ou de qualquer tipo de pessoa que não nos queiram bem, como os policiais que vivem batendo na gente sem mais nem menos. Eu sei que fiz coisas muito errada, na igreja eu larguei as drogas, pedi perdão pela pessoas que machuquei com a minha faca, sei que ninguém morreu, mas eu fiz essa maldade e não vou fazer nunca mais. Deus está comigo! Rezo sempre para ajudar as outras pessoas que vivem na rua, os novos Pinóquios que nascem todos os dias. E rezo para que neste mundo outras pessoas olhem pra gente como você fez."
Ganhei meu dia!
Um Pinóquio do Asfalto de Verdade
Depoimento
de um Pinóquio do Asfalto que se transformou em um menino de verdade!
Por: Luan Paganarde
"Eu fui um Pinóquio do asfalto, e tive a minha chance''. A duas semanas atrás mais ou menos, conheci essa história, me identifiquei demais... com ela. Passados alguns dias eu conheço o autor da história, super receptivo, pessoa de bom coração e como diz o meninos aqui da quebrada - Sangue bom, ele me convida pra entrar, meio ocupado como todo paulistano em sua rotina, me oferece um café e uma água. E eu:
- Não muito obrigado - Fazendo a do bom moço que aprendeu com a mãe quando criança ''se te oferecerem alguma coisa, não pegue, se não, ao chegar em casa, apanha. Hahahahaha.
Resenhas e algumas risadas, depois, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a história que há duas semana atrás me foi apresentada, que trabalho, que história. Só tenho agradecer ao convite, e ao autógrafo, fiquei super feliz e espero poder fazer parte desse grande projeto. Fiquei feliz em conhece-lo.
Ae barulho pro Egidio Trambaiolli Neto que compôs esse grande trabalho Pinóquio do Asfalto."
Por: Egidio Trambaiolli Neto
Luan, o prazer foi todo meu em conhecê-lo, um jovem promissor que soube dar a volta por cima. Hoje você é bem mais que um menino de verdade, é um homem de dignidade!
Por: Luan Paganarde
"Eu fui um Pinóquio do asfalto, e tive a minha chance''. A duas semanas atrás mais ou menos, conheci essa história, me identifiquei demais... com ela. Passados alguns dias eu conheço o autor da história, super receptivo, pessoa de bom coração e como diz o meninos aqui da quebrada - Sangue bom, ele me convida pra entrar, meio ocupado como todo paulistano em sua rotina, me oferece um café e uma água. E eu:
- Não muito obrigado - Fazendo a do bom moço que aprendeu com a mãe quando criança ''se te oferecerem alguma coisa, não pegue, se não, ao chegar em casa, apanha. Hahahahaha.
Resenhas e algumas risadas, depois, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a história que há duas semana atrás me foi apresentada, que trabalho, que história. Só tenho agradecer ao convite, e ao autógrafo, fiquei super feliz e espero poder fazer parte desse grande projeto. Fiquei feliz em conhece-lo.
Ae barulho pro Egidio Trambaiolli Neto que compôs esse grande trabalho Pinóquio do Asfalto."
Por: Egidio Trambaiolli Neto
Luan, o prazer foi todo meu em conhecê-lo, um jovem promissor que soube dar a volta por cima. Hoje você é bem mais que um menino de verdade, é um homem de dignidade!
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