As Lições dos Elefantes de Uganda.
Quando o ditador Idi Amin tomou o poder em Uganda, no começo dos anos 70 do século passado, entre tantas atrocidades contra seu próprio povo, mandou executar 95% da população dos elefantes do país que para ele, eram um estorvo! A maioria dos animais preservados foram os mais novos, que viam suas mães e todos os demais membros do grupo serem mortos, esquartejados, arrastados e empilhados como lixo.
Como é do conhecimento geral, os elefantes são animais sociais e os filhotes aprendem a conviver em grupo enquanto crescem. Obedecem a hierarquias, buscam referenciais nos adultos, se sociabilizam e recebem carinho... mas os elefantinhos ugandenses não tiveram essa oportunidade.
Há alguns anos o número de rinocerontes mortos em Uganda e países vizinhos, atingiu índices alarmantes, muitas das mortes eram cercadas de indícios de crueldade. Nesse mesmo tempo, os ataques de elefantes às aldeias desencadearam a ira em muitas tribos que acabavam tendo de enfrentar os invasores até a morte. Não foram poucos os casos de agricultores atacados por elefantes enquanto trabalhavam ou cruzavam uma área na qual por mera falta de sorte também servia de trajeto para esses brutamontes.
Tais atitudes colocaram a comunidade científica em alerta. A cada ano os ataques aconteciam com mais intensidade e crueldade. Depois de muito tempo os pesquisadores conseguiram entender o que estava se passando. Os elefantes de Uganda, filhos dos elefantes chacinados décadas antes, sem referência familiar alguma acabaram vagando pelas terras africanas, se espalhando, juntando-se a outros grupos ou formando os próprios nos países da região. Entretanto, eles não tiveram referencia social, não tinham mais família, não possuíam limites para suas ações. Os machos sequer possuíam referência ou respeito, inclusive, com outros animais, tanto que tentavam copular a força com rinocerontes, ou seja, tentavam o estupro para saciar seus desejos. Em contrapartida, os rinocerontes não permitiam e revidavam o abuso, desencadeando um acesso de fúria nos violentadores que acabavam por perfurar a vítima com seus marfins. Esses mesmos animais agrediam os seres humanos, nos quais viam em sua memória residual, como causadores do massacre de seus pais, familiares e amigos, provando que, como o próprio ditado diz: um elefante nunca se esquece.
Feito o estrago e, tempos depois detectado o problema, a alternativa dos cientistas foi capturar os elefantes que vivenciaram o massacre, genocídio ou holocausto, – seja lá qual é a palavra melhor para descrever tamanha ignorância liderada por Idi Amin – e levá-los para conviver com grupos mais pacatos, monitorados o tempo todo, tentando sociabilizá-los. Deu certo!
As lições deixadas pelos Elefantes de Uganda mostram muito bem como são importantes a família e a harmonia na convivência social. Muitos dos adolescentes e também adultos que se envolvem com a violência de um modo geral, crimes, estupros e desequilíbrios sociais, apresentam um histórico familiar dos mais conturbados, tal qual o dos elefantes ugandenses. Casos de violência doméstica contra filhos e mulheres, envolvimento com drogas lícitas ou ilícitas, pedofilia, prostituição, pornografia, furtos e assaltos à mão armada, assassinatos, entre outros, normalmente estão associados aos referenciais familiares ou aos grupos sociais com os quais os protagonistas da nova realidade se envolvem.
A boa estrutura familiar é fundamental! Também é importante seguir o lema: Diga com quem andas e direi quem és. Mas, a dívida social vai além de se dar soluções paliativas ao presente ou mais contundentes ao futuro. Temos um passado regado de falhas, temos a TV como veículo de comunicação e de banalização da violência, dos abusos sexuais, da impunidade e a Internet usada de forma inadequada, espalhando de modo contagioso conteúdos da pior espécie.
Para completar, a Escola, como instituição, e seu modelo obsoleto de educação tem sido vítima de pais que abandonam seus filhos e dela cobram a formação do caráter de seus filhos. É uma luta insana! Se de um lado a escola procura dar educação e cultura, do outro, a promiscuidade do funk, a baixa qualidade das músicas que entopem nossas rádios com letras vazias e repugnantes emburrecem nossos alunos, as produções televisivas temperam o entretenimento com sexo em cenas que poderiam falar de amor, de sentimento verdadeiro, de intimidade. Mas, infelizmente os gráficos do IBOPE hoje substituíram o simbolismo das barras por ereções.
A Internet por fim vem coroar tudo isso como um exemplo clássico do mau uso da tecnologia.
Por fim, virou rotina ver na mídia os bandidos engravatados sendo julgados por corrupção e, o pior, ver muitos deles conseguindo se safar! Será que ninguém vê que esses ali-babás são assassinos mais cruéis do que muitos bandidos da pesada? Eles roubam o dinheiro que poderia melhorar o atendimento dos hospitais e salvar vidas que são ceifadas nas filas de espera. Sim! Eles são assassinos cruéis! Bandidos da pior espécie! São como as drogas que minam a vida das pessoas e matam! São como traficantes que vivem da desgraça alheia. Com isso, a Educação fica a míngua! Os professores recebem salários miseráveis, famílias são destruídas pela impunidade criminal em todas as esferas e pela falta de cultura. Sem Educação, Saúde e Segurança nossos filhos estão fadados a serem vítimas ou agirem da mesma forma que os elefantes de Uganda.
Chega de tanta sujeira! De condutores de marionetes sociais! Não podemos ser complacentes! Nossa maior força está na união e no voto bem escolhido, selecionado a dedo! No mesmo dedo que irá digitar o número do candidato e teclar: Confirma! Se todos agirmos dessa forma, criaremos um senso comum.
Lembre-se:
“Não escolhemos a família que temos, mas podemos escolher a sociedade em que podemos viver.”
ETN
Simplesmente extraordinário!
ResponderExcluirNão tem como ficar inerte a um texto tão inteligentemente elaborado.
Professor Egidio, eu bebo de tua fonte para que o meu conhecimento frutifique.
Áurea Augusta - Praia/Ilha de Santiago/Cabo Verde
Estou sem palavras com essa reflexão!
ResponderExcluirNão tem como não aplaudir!
Iracema / Belém-PA
Parabéns, Professor
ResponderExcluirVocê se superou mais uma vez!
Irmã Lourdes