Os olhos do menino cintilaram e ele perguntou: Pra mim?
E eu respondi que sim.
Ele agradeceu e saiu correndo, chamando duas outras crianças, um outro menino e uma menina, que estavam nos arredores e que dividiam as filas dos carros pedindo esmolas.
Curiosamente, as crianças cercaram o menino que apontou para o meu carro. Elas olharam para mim e eu sinalizei para que também viessem até o carro e, enquanto o semáforo não abria, elas correram com olhares esperançosos até onde eu me encontrava. Sem dizer nada eu dei mais dois livros de minha autoria para elas: O Dilema de Marquinhos, para o menino, e A Cama do Buraco Negro, para a menina.
Foi gratificante ver aquelas crianças com um sorriso sincero no rosto, correndo até o gramado ao lado da via, sentando e compartilhando o que descobriam a cada página dos livros, esquecendo daquela árdua tarefa de mendigar.
O semáforo abriu e, desta vez triste por ter aberto "tão rápido", eu parti, sentindo-me realizado, pensando profundamente se aquelas crianças estavam frequentando a escola, pois sede de conhecimento elas provaram ter, a única coisa que lhes faltam é o direito da infância, negado pela indiferença política e social de nosso país.
Brasil, acorde! Deixe de covardia! Não há futuro para aqueles que não cuidam de suas crianças. Sem educação não se tem esperança!
Na Bucha - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru
O Dilema de Marquinhos - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru
A Cama do Buraco Negro - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru
Professor Egidio
ResponderExcluirMais uma vez tu nos ensina a ser gente.
Rafael Rodrigues da Cruz
Porto Alegre - RS
Seu Egidio, meu nome é Gabriel, tenho 10 anos. Eu tinha um monte de livros que eu não estava mais usando, tinha também dois que o senhor escreveu, Síndrome de quê e Histórias de valor. Quando eu li o que o senhor fez com seus livros, dando eles para as crianças do farol, eu falei com a minha mãe pra agente levar os livros pras criança do farol da praça perto da minha escola. Ela gostou muito da ideia e me ajudou a separar os livros. Nós conseguimos juntar 14 livros, depois minha mãe fez um montão de pipoca e fomos até o farol. Minha mãe parou o carro do lado da praça, depois eu e ela chamamos os meninos que estavam lá, passando frio e pedindo dinheiro. Tinha quatro crianças. Minha mãe deu um saco grande de pipoca e um livro para cada uma, mas tinha uma muito pequena que ainda não sabia ler, porisso minha mãe convidou as criança pra sentarem perto dela e abriu um outro livro e começou a ler pras crianças. Foi muito legal. As crianças pediram para ler outro, mas minha mãe falou que se quisessem ganhar outro livro e mais pipoca, teriam de contar pra ela a história do livro que ganharam. Ela ainda prometeu que daria um outro livro toda vez que eles contassem a história do livro que ela deu. Aí o menino pequeno falou que não sabia ler, que porcausa disso ele não ia ganhar mais livros. Só que a minha mãe é inteligente e falou que ele visse as figuras e imaginasse uma história para ela. Na semana que vem vamos lá de novo, só que dessa vez eu que vou ler pra eles.
ResponderExcluirGabriel - Osasco-SP
Nossa, Gabriel e mamãe de Gabriel!
ResponderExcluirQue bonito!
Fico feliz por ter servido de referência para essas atitudes tão nobres.
Obrigado