Os olhos do menino cintilaram e ele perguntou: Pra mim?
E eu respondi que sim.
Ele agradeceu e saiu correndo, chamando duas outras crianças, um outro menino e uma menina, que estavam nos arredores e que dividiam as filas dos carros pedindo esmolas.
Curiosamente, as crianças cercaram o menino que apontou para o meu carro. Elas olharam para mim e eu sinalizei para que também viessem até o carro e, enquanto o semáforo não abria, elas correram com olhares esperançosos até onde eu me encontrava. Sem dizer nada eu dei mais dois livros de minha autoria para elas: O Dilema de Marquinhos, para o menino, e A Cama do Buraco Negro, para a menina.
Foi gratificante ver aquelas crianças com um sorriso sincero no rosto, correndo até o gramado ao lado da via, sentando e compartilhando o que descobriam a cada página dos livros, esquecendo daquela árdua tarefa de mendigar.
O semáforo abriu e, desta vez triste por ter aberto "tão rápido", eu parti, sentindo-me realizado, pensando profundamente se aquelas crianças estavam frequentando a escola, pois sede de conhecimento elas provaram ter, a única coisa que lhes faltam é o direito da infância, negado pela indiferença política e social de nosso país.
Brasil, acorde! Deixe de covardia! Não há futuro para aqueles que não cuidam de suas crianças. Sem educação não se tem esperança!
Na Bucha - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru
O Dilema de Marquinhos - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru
A Cama do Buraco Negro - Egidio Trambaiolli Neto
Editora Uirapuru