Como é bom chegar em uma livraria e ver seu livro em evidência entre os mais vendidos! Foi assim que me senti no sábado, quando visitei a Livraria Leitura e vi o livro Pinóquio do Asfalto em evidência, sendo adquirido por uma cliente.
A justiça é cega e caolha Quero deixar aqui a minha experiência nas ruas. Eu jamais pensei que teria coragem de contar isso para alguém, mas é um desabafo. Eu não vivi por muito tempo na rua, esse ambiente tão hostil e sem lei, foram apenas dois anos e meio, depois que minha mãe morreu, como eu jamais conheci meu pai e nem sei onde estão meus parentes, não tive escolha. Durante esses dois anos e meio fiz uma série de coisas erradas, roubei, bati, apanhei, queimei, usei drogas, fiz sexo por dinheiro, até que alguém me estendeu a mão e, aos treze anos fui morar com uma pessoa que me deu casa, comida e estudos, inclusive uma faculdade, em troca de sexo. Ninguém se importa se a lei é cumprida com as pessoas largadas à beira do abismo ou não, mas foi dessa forma torta que consegui me endireitar. Eu vivia em um barraco com a minha mãe, mas depois de sua morte, fui expulso do barraco que ela construiu e acabei na rua. Eu fiquei com tanta raiva que eu coloquei fogo no barraco, ninguém morreu, mas perderam tudo. Se não era para o barraco ser meu, também não seria de ninguém. Alguém me dedou, apanhei muito, mas bati também. Comecei a lavar os vidros dos carros para ganhar uns trocos, fiz isso junto com uns outros garotos, até que uma vez parou um boyzinho cheio da grana, com um carrão e me chamou, perguntou a minha idade e pediu para mim chamar mais três meninos que estavam lá, lavando os vidros também. Quando os meus amigos chegaram, ele pediu para mim chegar mais perto, ele colocou a mão na minha perna e enfiou a mão por debaixo do calção, ficou me acariciando o meu sexo e ofereceu dinheiro pra a gente entrar no carro. Ele falou que ia dar vinte reais para cada um que transasse com ele. Os meninos entraram e eu também entrei, o boyzinho levou a gente para uma casa, deixou a gente tomar banho e lá ele bancou a mulherzinha de todo mundo, depois ele pagou e deixou a gente no farol que tinha pegado a gente. Foi a primeira vez que fiz sexo, eu tinha doze anos, os outros meninos eram mais velhos, mas todos menores de idade. Isso era pedofilia, a gente sabia, mas quem se importa se isso acontece com meninos de rua? A gente estava com fome e precisava da grana. O boyzinho ia lá quase toda semana procurar a gente. Uma vez ele estava com um amigo que também gostava de meninos, ele era um pouco mais velho, mas também tinha muita grana. Depois que a gente fez o que tinha que fazer, o amigo do boyzinho me chamou para morar com ele, disse que queria me criar e me tratar bem. Como eu não tinha ninguém, eu fui. Eu só precisava fazer sexo com ele, como se eu fosse o homem dele. Isso também era pedofilia, mas foi assim que eu consegui sair da rua, ganhar dinheiro e conquistar tudo que tenho hoje. Depois que essa pessoa morreu, em 2011, eu acabei conhecendo uma garota e hoje eu moro com ela, em breve vamos ter o nosso primeiro filho. Nós nos amamos. Eu sei que consegui sair do abismo de uma forma errada, mas não me arrependo do que fiz, pois pior do que ter feito o que fiz era ficar na rua e correr o risco de morrer antes da hora.
A justiça é cega e caolha
ResponderExcluirQuero deixar aqui a minha experiência nas ruas. Eu jamais pensei que teria coragem de contar isso para alguém, mas é um desabafo. Eu não vivi por muito tempo na rua, esse ambiente tão hostil e sem lei, foram apenas dois anos e meio, depois que minha mãe morreu, como eu jamais conheci meu pai e nem sei onde estão meus parentes, não tive escolha. Durante esses dois anos e meio fiz uma série de coisas erradas, roubei, bati, apanhei, queimei, usei drogas, fiz sexo por dinheiro, até que alguém me estendeu a mão e, aos treze anos fui morar com uma pessoa que me deu casa, comida e estudos, inclusive uma faculdade, em troca de sexo.
Ninguém se importa se a lei é cumprida com as pessoas largadas à beira do abismo ou não, mas foi dessa forma torta que consegui me endireitar.
Eu vivia em um barraco com a minha mãe, mas depois de sua morte, fui expulso do barraco que ela construiu e acabei na rua. Eu fiquei com tanta raiva que eu coloquei fogo no barraco, ninguém morreu, mas perderam tudo. Se não era para o barraco ser meu, também não seria de ninguém. Alguém me dedou, apanhei muito, mas bati também.
Comecei a lavar os vidros dos carros para ganhar uns trocos, fiz isso junto com uns outros garotos, até que uma vez parou um boyzinho cheio da grana, com um carrão e me chamou, perguntou a minha idade e pediu para mim chamar mais três meninos que estavam lá, lavando os vidros também. Quando os meus amigos chegaram, ele pediu para mim chegar mais perto, ele colocou a mão na minha perna e enfiou a mão por debaixo do calção, ficou me acariciando o meu sexo e ofereceu dinheiro pra a gente entrar no carro. Ele falou que ia dar vinte reais para cada um que transasse com ele. Os meninos entraram e eu também entrei, o boyzinho levou a gente para uma casa, deixou a gente tomar banho e lá ele bancou a mulherzinha de todo mundo, depois ele pagou e deixou a gente no farol que tinha pegado a gente. Foi a primeira vez que fiz sexo, eu tinha doze anos, os outros meninos eram mais velhos, mas todos menores de idade. Isso era pedofilia, a gente sabia, mas quem se importa se isso acontece com meninos de rua? A gente estava com fome e precisava da grana.
O boyzinho ia lá quase toda semana procurar a gente. Uma vez ele estava com um amigo que também gostava de meninos, ele era um pouco mais velho, mas também tinha muita grana. Depois que a gente fez o que tinha que fazer, o amigo do boyzinho me chamou para morar com ele, disse que queria me criar e me tratar bem. Como eu não tinha ninguém, eu fui. Eu só precisava fazer sexo com ele, como se eu fosse o homem dele. Isso também era pedofilia, mas foi assim que eu consegui sair da rua, ganhar dinheiro e conquistar tudo que tenho hoje.
Depois que essa pessoa morreu, em 2011, eu acabei conhecendo uma garota e hoje eu moro com ela, em breve vamos ter o nosso primeiro filho. Nós nos amamos.
Eu sei que consegui sair do abismo de uma forma errada, mas não me arrependo do que fiz, pois pior do que ter feito o que fiz era ficar na rua e correr o risco de morrer antes da hora.