segunda-feira, 1 de outubro de 2012

MINHA HISTÓRIA DE VALOR

Hoje faz 3 anos que meu pai se foi. Por isso, quero deixar aqui o registro de uma homenagem que fiz a ele quando lancei o livro Histórias de Valor, no ano seguinte, pela Editora Cortez. Na abertura do livro,  coloquei o seguinte texto, uma doce memória da minha infância:
"Lembro-me de quando eu tinha uns 6 anos e meus pais compravam caquis bem madurinhos.
Depois que a gente os comia, sempre havia um ritual: meu pai abria cuidadosamente as sementes ao meio e, de acordo com o estágio de germinação, dizia que a semente sempre nos mostrava um objeto.
Se o broto estivesse começando a germinar, o fio longo e espesso era uma faca; se a extremidade estivesse já oval, era uma colher, e se, já no terceiro estágio da germinação, o fio tivesse três ramificações na ponta, era um garfo.
Eu, que achava aquela a melhor das brincadeiras, queria sempre tirar o garfo, que era o tesouro mais raro.
Certa vez, eu estava chateado por só ter tirado facas nas últimas sementes dos meus caquis enquanto meu irmão já havia ganhado dois garfos, uma colher e uma faca.
Percebendo meu desapontamento, meu pai abriu a semente que faltava e... Que decepção, mais uma faca!
Então, ele sorriu e disse: “Ah, esta aqui não é uma faca. É uma caneta! Isso quer dizer que você vai ser escritor!”
Na época fiquei muito feliz. E não é que me tornei escritor?
Por isso, dedico este livro ao meu pai, que deixou, além de saudades, uma lição de criatividade.”
Egidio Trambaiolli Neto

Pai, hoje já não choro por sua perda, não que eu não sinta saudades, mas porque prefiro lembrar das coisas boas, pois sei que as lições que você me deixou me dão motivos para sorrir. Eu te amarei eternamente!

3 comentários:

  1. Entorpeci... Lembrei do meu pai! Que saudades, ele está no Pará.
    Que lindo! Essa história me fez chorar...
    Quanta sencibilidade:o

    Leandra Almeida
    Amazonas, Manaus

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  2. Mais um texto extraordinario de tua autoria, professor.
    Amo ler as tuas postagens.

    Vera - Canoas - RS

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  3. Também achei maravilhoso! Só quem perdeu um ente querido poderá entender a profundidade dessas palavras.
    Prof. Egidio, você continua sendo um maestro com as palavras na orquestra sinfônica dos pensamentos.

    Elvira Silva, Luanda/Angola

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